Spiga

Os perigos que envolvem o clareamento dental

Procedimento já bastante difundido especialmente entre consumidores de classe média e alta no País, o clareamento dental, realizado por meio de produtos químicos aplicados diretamente nos dentes, começa a se popularizar graças ao barateamento do preço dos serviços. Mas, o que deveria ser encarado como uma alternativa para deixar os dentes saudáveis e o sorriso mais bonito está preocupando especialistas em odontologia de todo o Brasil.

 

A popularização dos clareadores dentais e sua venda indiscriminada, diretamente ao consumidor, podem causar sérios danos à saúde dos pacientes. Por isso é fundamental que o alerta seja dado agora, enquanto o processo ainda está no início e possamos revertê-lo por meio da educação da população. O procedimento deve ser feito somente por profissionais especializados. É uma terapia que, quando feita com agentes químicos conhecidos como peróxidos, precisa ser encarada com muito cuidado, desde o diagnóstico, escolha da opção correta, doses e posologia indicadas individualmente e com decisões de tratamento também individualizadas baseadas em evidências científicas e clínicas de qualidade.

 

Um dos riscos é que o paciente compre o clareador sem orientação profissional e hoje isso pode ser feito inclusive pelos canais de televendas e o aplique indiscriminadamente, sem qualquer indicação de um profissional especializado. O primeiro pensamento do leigo é achar que deve usar um volume grande de clareador para conseguir resultados mais rápidos, e é justamente aí que começam os problemas.

 

Quanto mais concentrada a solução clareadora e quanto maior o tempo de uso, maiores são os riscos de efeitos colaterais como sensibilidade dolorosa, irritação nas gengivas, prejuízo ao esmalte do dente e restaurações e próteses mais escuras que certamente terão que ser substituídas e custeadas pelo usuário. Em crianças e adolescentes os efeitos de sensibilidade podem ser mais intensos porque a polpa dentária é maior e o esmalte mais permeável.

 

O essencial para o sucesso do tratamento é o diagnóstico clínico bem feito, documentado e executado tecnicamente. Este diagnóstico depende de uma série de fatores, como: histórico do paciente, idade, seus hábitos de vida, além dos exames clínicos e radiológicos. Mitos sobre o clareamento dental Os principais mitos estão fortemente vinculados à afirmações bombásticas que prometem sorrisos brancos em uma sessão de uma hora apenas às terapias clareadoras que são oferecidas sem a devida comprovação científica e, principalmente, à mídia que tenta colocar a idéia de que clareamento dental é um procedimento cosmético simples e que pode ser oferecido ao paciente leigo sem a devida (e fundamental) orientação profissional do cirurgião-dentista. Acredito que tal terapia deva ser encarada com muito cuidado quanto aos aspectos de diagnóstico, escolha da opção correta, doses e posologias indicadas individualmente e com decisões de tratamento individualizadas baseadas em evidências científicas e clínicas de qualidade.

 

O princípio ativo básico da maioria quase absoluta de um agente clareador é o peróxido de hidrogênio (água oxigenada), que na minha opinião é um medicamento, uma droga que deve ser administrada topicamente em concentrações baixas ou restrita à áreas específicas com formulações mais concentradas. Quanto mais concentrada a solução clareadora e quanto maior o tempo de uso, maiores são os riscos de efeito colaterais, onde destaco a sensibilidade dolorosa e as reações fisiológicas do complexo dentino-pulpar frente à um estímulo exagerado.

 

Faixas etárias x clareamento dental?

 

Crianças e adolescentes possuem restrições que devem ser avaliadas caso a caso. Os dentes têm características histológicas que mudam com a idade; pacientes têm dentes com perfis histológicos diferentes numa mesma boca... Por isso, o diagnóstico é importante e as diferentes faixas etárias devem receber posologias, concentrações e modalidades de tratamento diferentes. Não existem receitas iguais para todo mundo! Quanto mais jovem for o candidato, maior é a câmara pulpar, mais permeável é o esmalte e maiores são os riscos de excesso do peróxido difundir-se até a polpa. A literatura recomenda que as câmaras pulpares devam ser avaliadas em exames radiográficos prévios de diagnóstico, que os ápices radiculares estejam completamente formados e, como exemplo, para que o tratamento de um jovem possa ser feito com segurança, doses e concentrações baixas deveriam ser indicadas. Quem determinará tudo isso com segurança é o cirurgião-dentista, profissional habilitado cientifica e legalmente para tanto. Clareamento é um exercício de paciência, que requer treino e estudo individual de cada caso, de cada paciente e cada situação. Acredito que seja fundamental que a população leiga seja conscientizada de que o uso indiscriminado de substâncias clareadoras sem o acompanhamento do cirurgião-dentista poderá trazer muito mais problemas do que soluções.

 

Estética ou saúde?

 

Muitas pessoas podem pensar que a terapia de clareamento dental é somente um tratamento cosmético ou estético, sem nenhum benefício à saúde pois parte-se do princípio de que não trata uma doença pré-existente, já que a cor ligeiramente amarelada dos pacientes é fisiologicamente natural. Partindo-se de uma visão ampla do conceito de saúde, sugerido pela OMS (Organização Mundial de Saúde), e definido por: "um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doença ou enfermidade", pode-se concluir que as terapias de clareamento dental melhoram significativamente a auto-estima das pessoas, aumentam o bem estar e social e complementam beneficamente outros procedimentos estéticos.

 

Dr. Hugo Robertson Sant'anna é especializado em: Ortodontia; Estética Dental: Restaurações e clareamento a laser; Laserterapia; Prótese Dental; Endodontia; Implantodontia; Periodontia; Cirurgias orais menores.

 

Fonte: Portal Minha Vida

0 comentários: