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Intervenções simples em escolas ajudam a combater a obesidade infantil

Medidas simples, como aumentar o nível de atividade física nas escolas e oferecer orientação nutricional às crianças, podem reduzir significativamente os índices de obesidade infantil. É o que mostra uma experiência feita em Criciúma, em Santa Catarina, apresentada nesta quinta-feira no simpósio "Estilos de Vida Saudável, Gente Saudável: Revisão de Programas de Intervenção e Ciência na América Latina", em Itu, no interior de São Paulo.

 

Intitulado "Crescendo com Saúde", o projeto envolveu 130 alunos de três escolas públicas, de 6 a 11 anos. Durante sete meses, eles participaram de um programa de atividade física orientada, por 50 minutos, duas vezes por semana. Os exercícios, aplicados em circuitos ao ar livre, foram elaborados em parceria com o Instituto Cooper, dos Estados Unidos.

 

Uma vez por semana, as crianças também receberam orientação nutricional. "Elas aprenderam sobre o teor dos alimentos e sua importância para a saúde", conta a pediatra Loraine Storch Meyer da Silva, coordenadora do estudo e doutoranda pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

 

Outros 130 estudantes, com o mesmo perfil, foram acompanhados durante o período, sem que nenhuma intervenção fosse feita. No grupo que participou do programa, 34,3% das crianças apresentavam obesidade antes das atividades começarem, índice que caiu para 26,9% após as 28 semanas. No grupo de controle, o percentual de alunos obesos, de 30%, permaneceu praticamente inalterado.

 

O estudo também avaliou o impacto das intervenções no padrão alimentar dos estudantes. Para isso, foi utilizado como base o conceito da pirâmide alimentar. No grupo que fez parte do programa, o padrão considerado satisfatório saltou de 59,3% para 75%. No controle, passou de 49,2% para 53,1%.

 

A pesquisadora ainda mediu o tempo gasto pelas crianças em frente à TV e ao computador. Com as novas atividades, o período caiu de 4,1 horas por dia para 3,3. No grupo de comparação, subiu de 49,2% para 53,1%.

 

"O ambiente é essencial para deflagrar a obesidade e é nele que precisamos interferir, já que há muito pouco a se fazer em relação aos aspectos genéticos e metabólicos", comenta o pediatra e professor da Unifesp Mauro Fisberg, orientador do estudo e coordenador do evento.

 

No simpósio, foram apresentados resultados de outros projetos do gênero, nacionais e internacionais, que envolveram ações localizadas, como a orientação em supermercados, e outras mais amplas, como a implantação de ciclovias. "Todos esses programas são facilmente aplicáveis e têm baixo custo; só é preciso que sejam assumidos por alguma instituição, governo ou escola", diz.

 

Estudos mostram que cerca de 10% das crianças e dos adolescentes entre 5 e 17 anos de idade de todo o planeta estão acima do peso, dos quais em torno de 2% a 3% são obesos.

 

Dados recentes do projeto Nutri Brasil Infância, dirigido por pesquisadores de universidades brasileiras em todas as regiões do país, mostram que uma em cada quatro crianças menores de 5 anos apresenta excesso de peso e 11% apresentam obesidade.

 

Fonte: Ciência e Saúde

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