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Pessoas têm memórias que nunca existiram, diz estudo

Um estudo apresentado nesta quarta-feira no Festival de Ciências da Associação Britânica, em Liverpool, sugere que as memórias de acontecimentos marcantes nem sempre estão corretas. O estudo, da Universidade de Portsmouth, indicou que indivíduos podem ser facilmente convencidos de ter visto coisas que não aconteceram.

 

No experimento, 300 pessoas (150 britânicos e 150 suíços) foram entrevistadas sobre as recordações que guardavam do atentado ao ônibus em Tavistock Square, em Londres uma das quatro explosões que atingiram o sistema de transporte da cidade em 7 de julho de 2005.

 

Em entrevistas feitas três meses após os ataques, 40% dos participantes britânicos afirmaram ter visto imagens de um circuito interno de televisão no momento da explosão do ônibus, enquanto 28% afirmaram ter assistido a uma reconstrução computadorizada do evento. No entanto, nenhuma das duas imagens do ataque existe.

 

O mesmo aconteceu com os participantes suíços, mas em menor escala. Entre eles, 16% afirmaram ter visto as imagens de CCTV e 6%, da reconstrução.

 

Segundo o pesquisador da Universidade de Portsmouth James Ost, que coordenou o estudo, os resultados indicam que as memórias "não são perfeitas". "As memórias não são como uma fita de vídeo que você pode rebobinar e assistir novamente para lembrar com perfeição", afirmou.

 

Fantasia

 

Para Ost, essa "imprecisão" enfraquece o argumento de que é possível confiar apenas em relatos em situações jurídicas que envolvem, por exemplo, testemunhos de vítimas de abuso ou de trauma infantil.

 

De acordo com ele, desenvolver memórias falsas lembrar de coisas que não aconteceram é igualmente um problema para policiais em investigações criminais e assistentes sociais que auxiliam famílias com suspeitas de abuso ou outros casos que dependem do relato de testemunhas.

 

"Descobrimos que algumas pessoas são suscetíveis à fantasia, são propensas a acreditar que testemunharam algo que não poderiam ter visto. Elas enganaram a si mesmas em acreditar que viram algumas coisas", diz o pesquisador.

 

Segundo ele, alguns dos participantes que relataram os atentados em Londres realmente "fantasiaram" sobre o que afirmaram ter visto.

 

Um dos relatos oferece detalhes sobre o momento em que o suposto homem-bomba entrou no ônibus e os movimentos que teria feito com a mochila para detonar os explosivos imagens do ataque que jamais foram gravadas.

 

Ost explica que as pessoas que relataram memórias falsas são mais propensas a fantasiar do que aquelas que não desenvolveram essas lembranças. Segundo ele, isso pode sugerir que pessoas mais criativas ou imaginativas seriam mais propensas a criar memórias falsas.

 

Imperfeição

 

Em sua apresentação em Liverpool, o pesquisador afirmou que esses resultados reforçam estudos anteriores sobre as "falsas memórias".

 

Ost e sua equipe já haviam realizado um estudo sobre as recordações das pessoas acerca do acidente que provocou a morte da princesa Diana.

 

Nessa pesquisa, 20 de 45 pessoas entrevistadas o equivalente a 44% afirmaram ter visto imagens de um vídeo que teria registrado o momento exato do acidente, inclusive a chegada dos paparazzi ao local. Novamente, essas imagens não existem. De acordo com ele, essas seriam "mais provas de que nossas memórias não são perfeitas".

 

Fonte: Ciência e Saúde

Cigarro: um adeus possível

Baseando-se na sua experiência como ex-fumante e no conhecimento na área da psicologia, o psicoterapeuta Flávio Gikovate mostra no livro Cigarro: Um Adeus Possível, agora em quarta edição, que a dependência do cigarro é tão terrível quanto a que decorre do uso de drogas ilícitas.

 

Embora nas últimas décadas os malefícios do fumo tenham sido comprovados cientificamente, são poucos os que conseguem largar o vício com facilidade. E os que, a custa de muito sacrifício, conseguem fazê-lo vêem-se a todo momento na iminência de voltar a fumar.

 

Muito mais que adição química, o cigarro provoca dependência psicológica. A pessoa que fuma, ao ver-se sem seu "companheiro", não sabe como agir, onde colocar as mãos, o que fazer com a boca. Sente falta do aconchego que o cigarro provoca, de seu efeito calmante ou estimulante.

 

"Qualquer tratamento para abandonar o vício impõe uma boa dose sofrimento. Por isso, é tão importante se conscientizar de que se trata de uma empreitada difícil, que requer muita determinação", explica o autor, médico psiquiatra formado pela USP em 1966.

 

Fissura

 

O maior problema na fase inicial do tratamento, segundo o psicoterapeuta, é a "fissura", relacionada à dependência química. "De tempos em tempos vem um desejo lancinante de pegar o cigarro e inspirar a fumaça bem profundamente. É fato que o desejo passa de forma espontânea quando não se inala a fumaça com nicotina, mas a impressão é a de que o desconforto só passa fumando um cigarro", diz Gikovate.

 

No livro, ele desvenda o ciclo de dependência em relação ao cigarro e mostra como é difícil parar de fumar. Porém, partindo de sua experiência pessoal e clínica, mostra que é possível largar o cigarro usando a racionalidade e o bom senso, por mais dolorido que seja o processo.

 

Não se tratam de dicas milagrosas. Ao contrário, o método proposto pelo psicoterapeuta exige muita força de vontade e o uso constante da razão. Porém, Gikovate mostra que é possível romper com a dependência desde que se esteja disposto a mergulhar nos verdadeiros motivos que levam alguém a viciar-se em qualquer objeto externo.

 

Destinada a fumantes e familiares e amigos de pessoas que fumam, a obra sem fazer julgamentos morais ou prometer resultados impossíveis oferece opções reais para quem quer deixar de fumar.

 

Fonte: Yahoo, MG Editores