Além das clínicas e consultórios, muitos hospitais também verificam um crescimento no atendimento a estrangeiros. Um exemplo é o Hospital do Coração (HCor), em São Paulo, que até maio registrou um aumento de 83% nas internações desses pacientes em relação a 2007.
 
Atento a essa demanda internacional crescente, o hospital pretende estruturar nos próximos meses uma área para garantir o suporte a esses pacientes. "Grande parte do mérito por esse crescimento é dos nossos profissionais, que têm buscado manter um bom relacionamento com entidades médicas internacionais e governos de diversos países", aponta André Luís da Silva, gerente executivo comercial do hospital.
 
Segundo ele, os angolanos são hoje os mais numerosos, respondendo por cerca de metade dos atendimentos a estrangeiros. Muitos deles recebem apoio de seu governo para se tratar no Brasil, o que ocorre também com parte dos pacientes cubanos que o hospital recebe.
 
Assim como o HCor, o Hospital Sírio-Libanês, também em São Paulo, integrou o Consórcio Saúde Brasil, criado em 2006 para divulgar a expertise médica brasileira no exterior. O consórcio, que contou ainda com os hospitais Samaritano (São Paulo), Moinhos de Vento (Rio Grande do Sul), e Brasília (Distrito Federal), terminou no final do ano passado, mas os frutos do trabalho realizado continuam sendo colhidos.
 
A receita do Sírio-Libanês com estrangeiros cresceu nada menos que 168% nos primeiros meses de 2008 em relação ao mesmo período do ano anterior.
 
Em 2007, esse grupo de pacientes foi responsável por 5% do faturamento do hospital, porcentagem expressiva se comparada aos 0,5% registrados em 2006. Oncologia e cardiologia são as especialidades mais procuradas e, entre as nacionalidades, o destaque fica para os norte-americanos, angolanos, paraguaios e franceses.
 
No início de 2007, o hospital criou um setor de relações internacionais que firmou contratos com mais de 30 seguradoras internacionais. O suporte logístico ao paciente também passou a ser contemplado. A divisão assistencial fornece auxílio para a organização da viagem, com sugestões de acomodação, agendamento de traslado e indicação de passeios para os acompanhantes.
 
A divisão também é responsável por viabilizar a comunicação entre o paciente/acompanhante e o hospital. "Já investimos mais de R$ 1,6 milhão em cursos de inglês para os funcionários e placas de sinalização no idioma, entre outras ações", contabiliza Deise de Almeida, superintendente de negócios corporativos e marketing do hospital.
 
Laboratórios e clínicas também passaram a contratar pessoal mais qualificado. A de Ivo Pitanguy, por exemplo, tem secretárias trilíngües.
 
Saúde pública
 
Ainda que em menor escala, o fluxo de estrangeiros pode ser constatado também no sistema público de saúde. É o caso de pacientes com Aids, que vêm em busca de atendimento gratuito e de boa qualidade. "Muitas pessoas, diante da possibilidade de mudar para outros países, optam por ficar no Brasil ou retornam rapidamente ao país por conta do tratamento que têm disponível aqui", diz Eliana Gutierrez, diretora da Casa da Aids do Hospital das Clínicas de São Paulo.
 
No Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids, também em São Paulo, a situação não é muito diferente. Assim como o público nacional, os estrangeiros se beneficiam de acompanhamento médico e acesso gratuito ao coquetel anti-Aids.
 
Entre 1985 e 2005, 658 estrangeiros foram atendidos no centro. Em 2006 e 2007, foram 37 ao ano. Angolanos e bolivianos, seguidos de argentinos e portugueses, aparecem no topo da lista no último biênio.
 
Fonte: Ciência e Saúde
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