A tomografia computadorizada expõe o relevo do corpo e permite aos médicos concluir pela existência ou não de doenças com base na análise da anatomia: uma massa irregular pode indicar um tumor cancerígeno, por exemplo. Já a tomografia por emissão de pósitrons detecta doenças com base no metabolismo do corpo e por isso consegue identificá-las em um estágio mais prematuro.
 
Um tumor cancerígeno ativo, por exemplo, absorve muita glicose. Antes de submeter-se a essa tomografia, o paciente recebe uma injeção de fluordesoxiglicose, uma glicose radioativa. O exame, feito uma hora depois, mede a absorção dessa substância pelo organismo. Se alguma área que, em situação saudável não costuma consumir muita glicose passa a absorvê-la exageradamente, é sinal de doença.
 
"Hoje em dia esse exame é considerado básico para detectar e tratar câncer", diz o médico José Soares Júnior, chefe do serviço de medicina nuclear do InCor (Instituto do Coração), do Hospital das Clínicas, e presidente da Sociedade Brasileira de Biologia, Medicina Nuclear e Imagem Molecular. A tomografia por emissão de pósitrons é usada principalmente para detectar e avaliar a evolução do câncer ela consegue detectar tumores a partir de 4 milímetros, tamanho em que outros exames não identificam.
 
Mas também é capaz de detectar outras doenças, sempre com base no consumo de glicose. O cérebro é um exemplo. Saudável, ele consome muita glicose. Se o exame indica pequena absorção, é sinal de doença Alzheimer, provavelmente, o que poderá ser confirmado por outros testes.
 
O miocárdio, músculo situado no coração, também consome muita glicose em situação normal. A tomografia por emissão de pósitrons costuma ser feita, nesses casos, após um infarto. Se indicar pouca absorção de glicose, é sinal de que o miocárdio não está mais funcionando e qualquer intervenção para reativá-lo será inútil. Mas, se houver consumo de glicose, valerá submeter o paciente a uma cirurgia para tentar fazer com que o músculo funcione.
 
Preço
 
O exame é caro, custa cerca de R$ 3.500 e mesmo os convênios de saúde muitas vezes não cobrem seu custo. Devido ao preço e a uma questão burocrática, mesmo com tantos benefícios, até há pouco tempo o exame não era realizado no Brasil.
 
Quem precisava dele viajava para os Estados Unidos ou a Europa desde que tivesse dinheiro para isso. A primeira máquina capaz de realizá-lo chegou ao InCor em 2003, mas até hoje o SUS (Sistema Único de Saúde) não paga pelo exame na rede pública.
 
A questão burocrática se refere à produção da glicose usada no exame. Como é um material radioativo, até 2006 sua manipulação era exclusividade estatal. Naquele ano foi permitido que empresas particulares também o produzissem, mas até hoje só há uma fábrica, em São Paulo. Como a substância tem vida útil de menos de duas horas, é praticamente impossível transportá-la a tempo para outros Estados.
 
Fonte: Folha Online
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