Tem muitas garotas tomando a pílula do dia seguinte como se fosse um método anticoncepcional. E, pior, sem orientação médica. Elas nem sabem que, mal usada, a fórmula oferece riscos. Aceite nosso convite para um bate-bola que resolve todas as suas dúvidas
 
"Namorava há três anos e sempre tomei anticoncepcional. Só que me esqueci da pílula duas vezes no último mês e acabei transando sem camisinha. Com medo de engravidar, usei a pílula do dia seguinte." Carol, 23 anos
 
Troquei a camisinha pela pílula do dia seguinte duas vezes. Na primeira, um ex-namorado insistiu para transarmos sem nada e eu cedi. Na hora, não me preocupei com a Aids ou outras doenças. Na segunda vez, um novo namorado me convenceu a transar sem camisinha. Mas percebi que isso poderia me prejudicar. Hoje, com namorado fixo, optei pela pílula. Sai bem mais barato e é bem menos estressante." Laura, 25 anos
 
"Fazia um mês que estava saindo com um surfista bonitão, que conheci num feriado. A noite foi mágica, a não ser por um detalhe: a camisinha estourou. Com medo de engravidar, tomei a pílula do dia seguinte." Ana, 26 anos
 
Das três garotas, Ana foi a única que usou a pílula do dia seguinte de acordo com a recomendação. “Administrada de maneira responsável, ela é um bom método para evitar uma gravidez indesejada”, diz a ginecologista e obstetra Andréa Campos, do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde, ONG paulistana especializada em saúde da mulher. O contraceptivo de emergência, cujo princípio ativo é o levonorgestrel, tem indicações precisas. Serve para situações como quando o método preventivo que você escolheu falha, em casos de violência sexual ou estupro.
 
Mas tem muita mocinha merecendo um puxão de orelha por agir como Laura e Carol, que tomaram a pílula sem orientação médica e em substituição à camisinha. O alerta vem do Programa do Adolescente do Estado de São Paulo. Segundo pesquisa realizada pelo órgão, 33% das garotas que tomaram esses comprimidos não se preocuparam com nenhum método contraceptivo. A consultora de saúde Ana Fátima Galati, do Coletivo Feminista, acredita que a falta de informação começa dentro de casa. “Elas temem mostrar a pílula anticoncepcional para os pais e assumir que já iniciaram a vida sexual”, diz. Sem falar nas garotas que, como não estão com namorado fixo, não querem tomar hormônio todo dia e acham que é um bom negócio recorrer à pílula apenas quando rola a transa. Doce ilusão: dois comprimidos equivalem a meia cartela de um anticoncepcional de baixa dosagem. A seguir, acabe com todas as suas dúvidas sobre o assunto. Tire suas dúvidas sobre o contraceptivo de emergência
 
Como a pílula deve ser tomada?
 
Existem dois tipos. Um deles vem em dose única e o outro são dois comprimidos (um ingerido logo após a relação e outro após 12 horas). Seja qual for o tipo, deve ser usado no máximo 72 horas após a relação sexual. Quanto mais tempo demorar, menor será a eficácia.
 
A pílula funciona como um abortivo?
 
Não. Ela age antes que a gravidez ocorra. Se a fecundação ainda não aconteceu, o medicamento vai dificultar o encontro do espermatozóide com o óvulo. Agora, se a fecundação já tiver ocorrido, irá provocar uma descamação do útero, impedindo a implantação do ovo fecundado. Caso o ovo já esteja implantado, ou seja, já tenha iniciado a gravidez, a pílula não tem efeito algum.
 
Preciso de receita médica para comprar a pílula?
 
Sim. Embora seja possível adquiri-la nas farmácias sem prescrição. No entanto, mesmo que você dispense a receita, procurar por orientação antes é indispensável. Só um ginecologista poderá dar certeza de que o medicamento é indicado para o seu caso.
 
Ela pode causar efeitos colaterais?
 
Sim. O mais freqüente deles é a alteração no ciclo menstrual e do tempo de ovulação. Em outras palavras, vai ficar impossível calcular seu período fértil e o dia da sua menstruação será um verdadeiro enigma. Além disso, dor de cabeça, sensibilidade nos seios, náuseas e vômitos são sintomas comuns. No caso de vômito ou diarréia nas duas primeiras horas após a ingestão, a dose deve ser repetida. Quem tem organismo sensível a medicamento e está tomando a pílula com indicação médica deve pedir a indicação de um remédio contra enjôos para tomar ao mesmo tempo.
 
Existe contra-indicação?
 
A pílula é contraindicada para quem sofre de alguma doença hematológica (do sangue), vascular, é hipertensa ou obesa mórbida. Isso porque a grande quantidade de hormônio pode provocar pequenos coágulos no sangue que obstruem os vasos.
 
Se eu tomar repetidas vezes, ela perde o efeito?
 
Ela não perde o efeito, mas o risco de você engravidar aumenta. Normalmente, ele já é de 15% se você tomar depois de 24 horas de transar, contra uma média de 0,1% da pílula anticoncepcional comum.
 
Posso trocar a camisinha pela pílula?
 
Nem pense nisso. A pílula deve ser tomada apenas quando o método contraceptivo escolhido falha. Além de apresentar efeitos colaterais muito mais severos que a pílula comum, e ser bem mais cara, o contraceptivo de emergência não a protege das doenças sexualmente transmissíveis. Contra elas, só mesmo a boa e conhecida camisinha.
 
A pílula do dia seguinte é também um método contraceptivo?
 
Não. Como o próprio nome diz, ela deve ser usada em casos excepcionais e não como um anticoncepcional de rotina, como muitas mulheres estão fazendo. A dose alta de hormônio do medicamento, cerca de 20% a mais do que o existente em uma drágea de anticoncepcional, aumenta o risco de efeitos colaterais.
 
Mesmo tomando essa pílula é possível engravidar?
 
Sim. Como todo método, há risco de falha. Como já foi dito, quanto mais cedo a pílula for tomada, maior a sua eficácia.
 
O uso pode afetar o aparelho reprodutor?
 
Pode. A curto prazo causa uma verdadeira revolução na produção hormonal da mulher. Já, a longo prazo, depende da quantidade de vezes que a pílula do dia seguinte foi usada. Quanto mais, maiores os riscos. Caso ocorra a gestação ectópica, a mulher poderá perder uma trompa e isso dificultará uma futura gestação.
 
Ao utilizá-la, estarei protegida até a chegada da menstruação?
 
Não. Terá se protegido somente da relação que aconteceu antes de ter tomado a pílula. Você precisa adotar um método contraceptivo eficiente para ser usado no dia-a-dia.
 
Fonte: Boa Forma
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